Processo: constroe uma memória coletiva própria para o uso do grupo interno e que Ruben Oliven destacou (1992: 20) que “a memória coletiva está ligada a um grupo relativamente restrito e portador de uma tradição, aproximando-se do mito e manifestando-se através da ritualização dessa memória”. Para tanto manipularam e construíram factoides em versões interesseiras que ocultavam e fizeram circular, apenas, as informações que lhes eram favoráveis. Realizam esta façanha pelo “domínio do processo e não das ideias ao modelo e nas formas das coisas futuras, servem de orientação às atividades do homo faber da época moderna” na concepção de Hannah Arendt (1983: 375) Este grupo relativamente restrito vale-se de paradigmas concorrentes.
ARENDT, Hannah (1906-1975). Condition de l’homme moderne. Londres : Calmann-Lévy, 1983. Em Português: A Condição humana – The human condition (2ªed) Rio de Janeiro: Forense Universitária 1983, p
OLIVEN, A parte e o todo: a diversidade cultural no Brasil - Nação. Petrópolis: Vozes 1992. 143p.
Projeto civilizatório: é impossível contornar a figura do projeto civilizatório compensador da célula macro nacional. O estudioso Marques dos Santos apontou um entre muitos na origem do Estado Soberano Brasileiro que ele descreveu (1997: 132) como: “o partido estético adotado pela Academia (Imperial de Belas Artes), os vínculos com o classicismo e a experiência artística e cultural de seus integrantes estarão diretamente imbricados com o problema da construção da civilização no Brasil da primeira metade do século XIX, onde a institucionalização do Estado autônomo compreendia, na contrapartida da afirmação política, uma espécie de missão civilizatória”. Este projeto civilizatório compensador seguiu o caminho até a sua base no Poder Originário. A resposta desta base foi lenta, porém segura e continuada ao longo de todo o Regime Imperial. No âmbito governamental significou a passagem do emocional Barroco para o racional Neoclássico. A corte foi comandada por um imperador e não um rei que permitiu o amadurecimento de um Estado nacional único apesar das duras provas em contrário. Contudo neste centro de poder coercitivo e aversivo para o Poder Originário foram apontados caminhos tão, ou mais, importantes do que simples exercício da potencia imperial. Nesta dialética entre o núcleo duro do poder do Estado Nacional unificado e o Poder Originário disperso as múltiplas parcelas refletem-se como num holograma ou fractal a macro célula nacional ordenada e completa. Neste holograma, ou fractal, circula o mesmo poder da célula macro nacional. Esta circulação contínua, em tempo real e sincronizado é potencialmente possível por meio das ferramentas da informatização digital numérica.
MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes. Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.
Projeto e Poder Originário propõe-se transformar a ampla diversidade das contradições em complementaridade, a cultura do Poder Originário. Cultura que para Argan significa (1992: 23) a existência de um projeto que “fundamenta a ideia da ação histórica”. No sentido da sua intima interação deste projeto com o Estado Nacional para Marques dos Santos (1997: 132) “compreende, a contrapartida da afirmação política da institucionalização dos Estado autônomo, uma espécie de missão civilizatória”. Chaves de Melo distingue (1974: 25) a “cultura de civilização, onde, civilização supõe instituições”. Já a Profª Drª Maria Amélia Bulhões argumenta (1990) que “na sociedade brasileira, onde tudo parece estar por ser feito, a recorrência a projetos modernos enunciados como ideais, já é uma tradição. A cada projeto sócio-econômico e político corresponde um projeto estético a ele articulado num processo de mútuo reforço”. Neste amplo e gigantesco espaço nacional este projeto torna-se rarefeito e geral. Este projeto ganho peso e sentido na célula municipal. Este município mais próxima do cidadão possui um feedback mais rápido dele e com menos obstáculos ruídos e rupturas. A cultura do projeto é potencialmente competente para implementar a origem, amadurecer e reproduzir do poder na sua fonte primeira. Ali transformar a ampla diversidade das contradições em complementaridade. O populismo e o ecletismo puramente formais e acomodatícios podem ser transformados imediatamente em complementariedade pelo projeto municipal. Este projeto possui ali mais força e centralidade para ser testado, questionado e reenviado para o projeto de sua origem.
ARGAN, Giulio Carlo (1909-1992) . História da arte como história da cidade. São Paulo : Martins Fontes. 1992.
BULHÕES GARCIA, Maria Amélia. Artes Plásticas: participação e distinção. Brasil anos 60/70. São Paulo : USP. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. 1990, 283 f. (Tese).
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Poder Originário
Travessa PEDRO AMÈRICO nº 28 ap.11SEM TELEFONE